Senti as mãos
No algodão leve das nuvens…

Os raios de sol recolhem-se
E enxugam os templos…
Ouvem-se os sinos nas encostas
Cantam hinos às cegas.
Amansam-se os rituais…

Sinto-me cansada,
já não sinto frio…
Gotas orvalhadas
molham o meu corpo dormente…
E nesta inquebrável teia perco-me…

Já tinhas reparado?
Tranco-me por dentro…

Surgem gargalhadas, silhuetas, sombras,
escadas perversas…
Falas dispersas…

Tenho dias que sem saber escrever,
Arranjo um sonho para poder contar.
Não vendo poesia…
Palavras… versos…
TU, às vezes
és tão diferente…
irrelevante.
Trazes o mundo embalado nas tuas mãos
O amor em pedra bruta no Coração…

Eu quero ser assim
tal como sou…

E hoje
Não estou
P`ra ninguém
Marquei encontro com o silêncio…

Vem comigo minha amiga,
saltar juntas deste cume da vida
onde os poetas têm asas escondidas
Que nunca morrem…

Nota Final: Os meus pais nasceram sob calor o calor do sul.
Eu nasci em Lisboa, mas é depois do Tejo que me sinto em casa.

Compilação da Dr.ª Carmo Miranda Machado – Versos Extraídos da Colectânea “Tu Cá, Tu Lá”

3 impulsos:

Paula Raposo disse...

Belíssimo poema!! Beijos.

sonho disse...

E hoje
Não estou
P`ra ninguém
Marquei encontro com o silêncio…

Que nesse silencio encontres o que precisas...
Beijo de um anjo

Ana Coelho disse...

Este foi um belo presente da Drª Carmo Machado, um poema a quinze mãos no olhar atento de quem o soube esculpir.

Beijos