Não posso parar o tempo
Nem mudar o que está feito
Mas posso aproveitar o sol e o vento
Me libertar...
Nas asas do meu pensamento
Voar...

Deixarei o vale escuro
De um Dezembro sombrio
E rumarei para sul
Esperando encontrar em Janeiro
Os
tais desejos
Realizados
Que muito antes embrulhei
E tão cuidadosamente guardei...

******

Feliz 2008


Fui medusa
Fui Mata Hari
Fui Cleópatra
E até malharusca...
E outros tantos nicks
Que já nem lembro...
Descobri o prazer
De apenas ser
O que sou...

Quem sou?
Sou apenas eu
Dando vida a outros eus...

A este mar me fiz
Num apelo
Do desconhecido
Sem malas
Sem bagagens
Numa viagem sem fim...

Que busco?
Pois... nem eu sei!
Mas muita gente conheci
Nesta mesma viagem
Feita de palavras
Feita de imagens...

Gente anónima
Gente desconhecida
Apenas unida
Pelo mesmo querer
O prazer de viver!

Sendo que
Numa outra vida
Paralela à real
Num outro mundo
Dúbio (dizem alguns)...
Mas tão emocionante
Tão inebriante e viciante...


Desaparecida, mas não esquecida!
Sei que estou em falta com todos...
Em breve vos compensarei.



Só posso fazer uma coisa de cada vez, mas posso evitar fazer muitas coisas ao mesmo tempo

(Ashleigh Brilliant)


O tempo
Aquele malandro...
... roubou-me e fugiu!


Um Feliz Natal para todos!









Tenho a mania de me apegar às coisas...
De tudo a que me prendo
Objectos, lugares, pessoas ou sentimentos
Por vezes, decepciono-me com as expectativas!
E aí, afasto-me em silêncio...


Observo então de longe, o jogo dos outros...
De meias verdades e grandes mentiras!
Ludibriando velhos parceiros
Com trunfos certeiros
Até então, bem escondidos...


Fora de um jogo viciado
Onde não sou perdida nem achada
Sorrio baixinho, só para mim
E pergunto-me indignada
Mas...
Porque será que não aprendo?!




Mais uma vez, talvez uma das últimas da sua vida... subiu ao palco onde se sente como peixe na água e, pausadamente, mete a mão ao bolso de onde retira um lenço...
Do alto do seu metro e sessenta, seguro de si e do sentimento pleno, o artista canta e encanta, repetindo os gestos de outros tempos com o mesmo savoir faire de sempre!...


Je vous parle d'un temps
Que les moins de vingt ans
Ne peuvent pas connaître
Montmartre en ce temps-là
Accrochait ses lilas
Jusque sous nos fenêtres
Et si l'humble garni
Qui nous servait de nid
Ne payait pas de mine
C'est là qu'on s'est connu
Moi qui criait famine
Et toi qui posais nue

La bohème, la bohème
Ça voulait dire on est heureux
La bohème, la bohème
Nous ne mangions qu'un jour sur deux

Dans les cafés voisins
Nous étions quelques-uns
Qui attendions la gloire
Et bien que miséreux
Avec le ventre creux
Nous ne cessions d'y croire
Et quand quelque bistro
Contre un bon repas chaud
Nous prenait une toile
Nous récitions des vers
Groupés autour du poêle
En oubliant l'hiver

La bohème, la bohème
Ça voulait dire tu es jolie
La bohème, la bohème
Et nous avions tous du génie

Souvent il m'arrivait
Devant mon chevalet
De passer des nuits blanches
Retouchant le dessin
De la ligne d'un sein
Du galbe d'une hanche
Et ce n'est qu'au matin
Qu'on s'asseyait enfin
Devant un café-crème
Epuisés mais ravis
Fallait-il que l'on s'aime
Et qu'on aime la vie

La bohème, la bohème
Ça voulait dire on a vingt ans
La bohème, la bohème
Et nous vivions de l'air du temps

Quand au hasard des jours
Je m'en vais faire un tour
A mon ancienne adresse
Je ne reconnais plus
Ni les murs, ni les rues
Qui ont vu ma jeunesse
En haut d'un escalier
Je cherche l'atelier
Dont plus rien ne subsiste
Dans son nouveau décor
Montmartre semble triste
Et les lilas sont morts

La bohème, la bohème
On était jeunes, on était fous
La bohème, la bohème
Ça ne veut plus rien dire du tout




Respondendo ao desafio feito pela
Rosa Maria Anselmo e pelo Nilson Barcelli Aqui vos deixo o meu contributo para essa encruzilhada[Compôr um post em prosa/conto ou poesia com o título dos últimos 10 posts, usando outras palavras, pelo meio, para dar sentido ao todo] Não seguindo à risca o regulamento, pois se repararem, não tenho títulos nos meus últimos posts...

Teço o instante no meio de um silêncio gritante, quase ensurdecedor... em que me encontro contigo no mundo dos meus sonhos, onde o tempo pára e nos devolve o presente que no passado nos deliciou e que um dia se perdeu no desgaste da vida...

Perco-me em fantasias que me povoam os pensamentos e me toldam os sentidos... recordo o perfume que me embriagava os dias e me adormecia as noites passadas em claro!

Aquele momento de magia em que as bocas se calam, o coração palpita e as mãos... trémulas... denunciam o sentimento que só a alma conhecia até então e o guardou em segredo.

Mas como tudo na vida, há sempre um fim que dita o fecho de um ciclo...

Foi ali mesmo, na velha ponte de madeira, que dobrei a tristeza e a rasguei em pedacinhos tão pequenos quanto os vestígios do sal das minhas lágrimas, vertidas ao longo de quatro anos da minha vida... lancei-os na água do rio que os levou na corrente para longe do alcance da minha vista.

Na longa distancia que nos separa, os muros existem... é um facto! Mas o jogo da sedução não conhece regras nem limites e mesmo não parecendo... ele existe!

Enquanto houver sonhos no horizonte e os desejos flutuarem muito além das palavras que forem ditas, não haverá nada que consiga travar os impulsos cegos e surdos que se riem das verdades e das mentiras.

Na contradição do sentido sem grande sentido... invento um fim!

Toca-me...

Novos desafiados
Dias
Daniel Aladiah
In Loko
Paulo Afonso
Serenidade
Teia de Ariana
Som do Silêncio
Lurainbow
Suruka
Ana Scorpio

Sei que não tenho estado muito presente nos vossos blogs, mas o tempo não tem sido muito... não esqueci ninguém e lá vos irei visitando aos poucos.




Teço o instante
Na teia do tempo
Onde invento espaços…

Como aquele penhasco
Ao cabo do infinito
Onde surge a eternidade

E tantos desejariam morrer…

Fecho os olhos
Abro os braços

E lanço-me num voo picado…
Naquele preciso momento
Confiando plenamente
Na insustentável

Leveza do meu ser…


Os muros existem... é um facto!
Mas os olhos só vêem o que querem...
E estes olhos vêem o sol
Que brilha por entre os tijolos
Porque não existem janelas
Que não se possam abrir
Quando a alma se liberta
Provando ser mais forte
Que os muros feitos pelo homem!


Na longa distancia

Que nos separa

Forçada pelos espinhos

Da circunstancia

Entretenho-me a pensar…

Será que ainda serei a tal?

Alma tão especial

Que das tristes penitências

A que te obrigaste um dia

Te veio desencaminhar…

Não sei

Nem sei se quero saber…

Pois só me interrogo

Por não te ter

Como queria ter

Mas passa logo…

Talvez não seja

Aquele grande amor

De quase morrer…

Mas é o suficiente

Pois mesmo ausente

Sinto-te sempre…

Sempre presente!

Cleo

Realidades e mistérios que fluem da alma...



Sedução...
Sentimento...
Paixão!

Prazer que arrebata
Num cálice de emoção
Saboreado...
Sorvido...
Num leve toque de lábios

Enlace de corpos
Renascido...
Na magia
De um breve momento
De beleza e ilusão...





Na velha ponte de madeira
Suspensa sobre o rio
Que corre devagar...



Ela espera...
De vez em quando caem folhas, já mortas pelo tempo, enchendo ainda mais o chão já coberto
De outras tantas iguais...
Marcou encontro em segredo, com o desconhecido da net, que a encantou e seduziu com palavras sábias e doces, de um verdadeiro poeta...
Caminhou um pouco, para matar o tempo, que se alongava nos ponteiros do relógio, para onde ela olhava de vez em quando.
E uma pergunta, surgiu de repente vinda do nada. Será que ele vem?
Uma simples dúvida que lhe assolou o pensamento e lhe acinzentou a alma!
Ela ainda nem reparou, mas o sol já se escondeu sorrateiramente, na ausência dela...
Em breve chegará a noite, que lhe trará a verdade nua e crua, que não esperava.
Mas ela ainda espera... espera...
Mas... porque será que ainda espera?!
O relógio estava certo e não esperou!
E a noite chegou!
Mais tarde, já em casa e depois de limpar as lágrimas que a raiva lhe ofereceu, o telemóvel tocou... era um sinal de mensagem. E os seus olhos leram o que não queriam ler...
Desculpa docinho, mas a minha mulher chegou mais cedo e quis que fosse com ela ao jardim, passear os miúdos... sabes como é!


Dobrei a tristeza
E arrumei-a lá bem no fundo
Mesmo ao lado
Das ilusões
Das desilusões
E das agruras da vida
Meti-as na mala
Para que não me esquecesse
Do mal que me fizeram...
Fui buscar também os sonhos
Que ainda me restavam
E arrumei-os na bolsa de fora
Para estarem mais à mão
No acaso de se virem a realizar
Mera fantasia...
Ainda havia muito espaço
Na minha mala de viagem
Por isso
Também lá meti as saudades
Que me chegaram
Com o vazio deixado
Por alguém muito querido
Só faltava a esperança
Que tinha perdido algures
Entre o sonho e a realidade
Mas que me apareceu de novo
Assim como que por magia...
Quando já não a esperava
Arrumei-a com cuidado
Para que não se amarrotasse
Juntei as promessas todas
E misturei-as com as mentiras
Que me ofereceram um dia
Meti tudo no mesmo saco
Que não meti na mala...
Deitei-o fora!
Sentada na paragem deserta
E enquanto espero pelo autocarro
Que tarda...
Faço contas à vida
Do que já passou
E do resto
Daquele que ainda me falta...
Somo tudo
E já é menos de metade!




Enquanto houver sonhos no horizonte que se estende à minha frente e que avisto da minha pequena janela... não deixarei nunca de voar!
Talvez fique pequena demais.
Talvez me deixem de avistar.

Não importa...

Tenho asas... preciso voar!

Além das palavras...


além das palavras...sou filha do sol e da lua, fui forjada sob o fogo, por isso só sei ser assim... regresso ao castelo nas nuvens...
levo comigo as tuas doces palavras, e nos meus lábios a tua alma... fico aqui... fico aquém dos meus sonhos muito além das palavras que escrevi... deixo que a alma cuide do meu sonho... e não... desta vez eu não sonhei...

......~~~~......~~~~......~~~~......
~~~~......~~~~......~~~~......~~~~
Não
Não são minhas estas palavras...
São de uma alma que partiu
Vai para onze luas...
Levando consigo os sonhos
Para um castelo só seu

Algures além das nuvens...
Ainda hoje é lembrada
E visitada

Por quem não sabe da sua partida...
Sim
Partiu sem aviso
Muito antes do tempo!

Mas deixou marcas na alma
De quem com ela se cruzou
Neste mar de sentimentos
Com palavras sopradas ao vento
Mas que por ali permanecem
E flutuam...
Como cinzas

Numa campa aberta

Que nem o tempo
Se atreveu ainda a fechar!...

Estão aqui...


Das mentiras
Oferecidas
Em papel de fantasia...
Não lucrou nada!

Sobrou-lhe o arrependimento
Que lhe enfraqueceu a alma...

Chamou por ela
Mas ela não chegou...
A compaixão foi-lhe cruel!

Encontrou refúgio
No canto do esquecimento...

Tem o desprezo
Como única e fiel companhia!


Toca-me...
Faz com que sinta esses teus dedos hábeis
... deslizarem em torno do meu corpo carente...

Vem...
Espero por ti, já deitada...
Nesta pauta por mim inventada
... que me serve de cama...
Acordes de notas suaves, brotarão do teu toque

Envolvente será a melodia de uma sonata nocturna
Um doce prazer...

Oferta divina, de nós... a quem nos ouvir

Vem...
Eu sei que virás...

Jogamos... porque não?!


A vida…

O sonho…

A melodia...

A emoção...

O amor…

O desejo...

A conquista…

A sedução...

A entrega ...

O beijo...

A carícia...

Tudo é um jogo!

Até as palavras o são...


Rosas espinhosas...


Na escadaria da vida
Encontramos
de tudo...
Belas rosas
E

Aguçados espinhos...

Se cheiramos as rosas
Picam-nos os espinhos...

Sangramos...
Curamos...

Mas um dia
Voltamos
A colher as rosas

Que nos sobram dos espinhos...

Um resto de nada...




Murmúrios imperceptíveis
Eclodem do nada
Sombras que se arrastam
Em meu redor

Estranhas vozes
Que me perseguem...

Espíritos invisíveis
Perdidos...
Que vagueiam
Sem rumo...

Estão por toda a parte
De mão estendida...

Mendigos do destino
Que lhes rogou a sorte
Na ausência da vida
Algures perdida
A caminho da morte...

Estão mortos
Só que ainda não sabem...

Velhos escritos...


São pequenos restos
De coisas tão velhas
Sem grande importância...
São pedaços de histórias
São rastos de memórias
Que sobreviveram ao tempo...
Talvez guardem segredos
De outras vidas passadas
De tormentas e venenos...
Talvez sejam cartas
Esborratadas
Por tantas... e tantas
Lágrimas derramadas
Talvez sejam apenas
... poemas...


Misteriosas esmeraldas...


Na candura do seu belo olhar
Que quase me fulmina...
Tento adivinhar
Que cor terão os seus sonhos...

Na incerteza
Realço a beleza
De todo esse verde
Que me entra pela retina...

Mas que mistério
Esconderão esses olhos
Tão belos?

Mas que me parecem
Tão tristonhos...

Em silêncio...


Aquieto-me no colo da noite
Que me aconchega
Com o xaile negro do silêncio

Acendo um cigarro
Oferecido pela morte
Que me engana
Com o prazer do momento

Vou bebendo do meu cálice de Porto
Envelhecido pelo mesmo tempo
Que me envelheceu o corpo

Mergulho num mar de pensamentos...

Do outro lado... de cá


Nem sentes
Como te ferem
Essas pedras aguçadas
Arremessadas...
Quando te debruças
E espreitas
O outro lado
De ti...

Era lá que querias estar
Eu sei...

Contemplando a inocência...

Em que pensamentos te perdes
Tu criança?
Cheia de sonhos...
Enquanto seguras com firmeza
A rosa vermelha
De sangue
Que do teu vestido se soltou...

No desespero
Deste louco mundo
Fugir...

Daria séculos da minha vida
Para ao teu tornar
E ao pé de ti
Me voltar a sentar...

Alma roubada... trancas ao corpo!


Sou

O que sobra
Das esperanças vãs...

A dor
Que me corrói
As entranhas...

Do corpo
Só me resta
A sombra...

Afogo na alma
As súplicas
Que me queimam...

Sou um nado
Que jaz morto...

Dentro do próprio corpo
A quem da alma
À força o arrancaram...

Quem és tu?

Quem és tu?
Que chegas de mansinho
Sem ser esperada...
Ora te vestes de negro
Como a noite escura...
Ora de branco
Como a alvura da madrugada...

Quem és tu?
Que te passeias sem pedir licença
Pela estrada larga do pensamento
Reparei que te sentas
Quase sempre naquele banco
No tal lugar dos ausentes...

Acaso te chamarás saudade?

Eus...

Tenho um baú de máscaras
São todas invisíveis
Fascinantes...
Uso-as quase sempre
Quando dou vida a outros eus...
Eus que vivem no meu inconsciente
Do outro lado do meu rosto...
Porque nem sempre
Sou aquilo que escrevo
Quando imagino...
Quando invento...
É um eu diferente
Que me dita
E eu... apenas escrevo!

Foi um desses eus que me ditou este escrito aqui

E outro ainda... mais este

Louca paixão de sereia...



Ancorei no teu porto

Onde as gaivotas se passeavam
Pelas suaves brumas da madrugada
Desejei-te ali
Esperei-te um tempo sem fim
Mas a tua presença foi uma miragem...

Pescador dos meus sonhos
Por ti me perdi
Quando em ti entrei
Pela escotilha do encanto
No meu canto de sereia
Naquela noite fria
Ao luar de Janeiro

Sete luas se passaram
E eu não te esqueci...
Vindo em busca de ti
Para aliviar o meu tormento

E hoje... não te vi...

O cansaço tomou conta de mim
Fiz da rocha a minha cama
E descansei o meu corpo
Moído da viagem
Bebi das tuas palavras
Que trouxe comigo em pensamento
E adormeci...

O grito mudo...


O silêncio
É o tudo
No deserto
De um tempo
Fora de tempo
Tardio...

O grito mudo
Que morreu
Antes de ter nascido...

Chegou-me
Num eco vazio...

Deus sabe
O quanto
Do tanto
Que da alma
Me escorreu...

Nem um som se ouviu...

Daquele grito
Que o silêncio
Escondeu...

Debaixo da capa
Que o abafou
Que o emudeceu...