Trago ausências de marços, onde andorinhas nos beirais anunciam primaveras que já foram. Trago saudades dos meus a pingarem-me dos olhos, a fazerem-me tirar o lenço do bolso para as enxugar num breve fungar. Trago lembranças antigas, escritas no vagar do tempo e que vou folheando nas horas vagas. Retratos de ontem onde também estou mas sem me ver. Tanta gente que já aqui não mora. Tanta vida, a maior parte já esquecida. É estranho. Não consigo explicar...
Trago anos de solidão a agrilhoarem-me sem perdão.
Trago rugas na pele que me desfiguram o rosto liso de outrora. Que me denunciam a existência espinhosa. Fixo-me na distância de uma vida, até onde o olhar pode alcançar. De que me poderá valer? De nada!
Desisto, visto que se me embaciam os olhos e aos outros pouco ou nada importa.
Trago noites nas bainhas dos dias, onde sombras por desvendar... talvez almas dos mortos que fui velar, a chamarem-me.


Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=242900 © Luso-Poemas
Trago ausências de marços, onde andorinhas nos beirais anunciam primaveras que já foram. Trago saudades dos meus a pingarem-me dos olhos, a fazerem-me tirar o lenço do bolso para as enxugar num breve fungar. Trago lembranças antigas, escritas no vagar do tempo e que vou folheando nas horas vagas. Retratos de ontem onde também estou mas sem me ver. Tanta gente que já aqui não mora. Tanta vida, a maior parte já esquecida. É estranho. Não consigo explicar...
Trago anos de solidão a agrilhoarem-me sem perdão.
Trago rugas na pele que me desfiguram o rosto liso de outrora. Que me denunciam a existência espinhosa. Fixo-me na distância de uma vida, até onde o olhar pode alcançar. De que me poderá valer? De nada!
Desisto, visto que se me embaciam os olhos e aos outros pouco ou nada importa.
Trago noites nas bainhas dos dias, onde sombras por desvendar... talvez almas dos mortos que fui velar, a chamarem-me.

Trago ausências de marços, onde andorinhas nos beirais anunciam primaveras que já foram. Trago saudades dos meus a pingarem-me dos olhos, a fazerem-me tirar o lenço do bolso para as enxugar num breve fungar. Trago lembranças antigas, escritas no vagar do tempo e que vou folheando nas horas vagas. Retratos de ontem onde também estou mas sem me ver. Tanta gente que já aqui não mora. Tanta vida, a maior parte já esquecida. É estranho. Não consigo explicar...
Trago anos de solidão a agrilhoarem-me sem perdão.
Trago rugas na pele que me desfiguram o rosto liso de outrora. Que me denunciam a existência espinhosa. Fixo-me na distância de uma vida, até onde o olhar pode alcançar. De que me poderá valer? De nada!
Desisto, visto que se me embaciam os olhos e aos outros pouco ou nada importa.
Trago noites nas bainhas dos dias, onde sombras por desvendar... talvez almas dos mortos que fui velar, a chamarem-me.


Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=242900 © Luso-Poemas







Cravaram-me uma estaca
Na alma!...

Apoderaram-se do meu tesouro
E deixaram-me prostrada
Num chão
Nojento e pegajoso
Pejado de mentiras esventradas
E de odor pestilento

E são às dezenas os sorrisos...
Cínicos!
Que na pressa da retirada
Lhes caíram do rosto
E se espalharam no meio da podridão

Pobres criaturas sem palavra
Que de tão miseráveis que são
Atraiçoam quem lhes deu o pão
Nos dias mais negros
Da fome apertada

E salvaram quem nada lhes deu
A não ser a ilusão
Daquilo que não passa
De um redondo nada...

Mataram
E fugiram todos
Montados na mula da cobardia

Salvou-se um estranho silêncio
Que paira num ar irrespirável

Morri sozinha
Sem glória alguma
Com a dor da desilusão

Não mais voltarei
A pisar o chão que me viu morrer!...



Despertei-te no pensamento um mundo de possibilidades infinitas. Eu sei... e quero, desde já, que saibas também o quanto isso me agrada. Portanto, seremos, sim, aquilo que os outros não são! Havemos de criar um imaginário só nosso, onde todos os nossos momentos impossíveis, serão cuidadosamente recriados até se gastarem todas as palavras e quando já não houverem mais vocábulos, havemos de inventar uma nova língua que dê sentido ao desafio do impensável. Ousaremos entrar neste jogo de sedução que nos consome já todos os poros, arriscando até, queimar os dedos em prosas indizíveis.
Hoje fui a tua alvorada, qual moura encantada e reflectida num espelho de pungentes desejos, onde as tuas palavras, ávidas, se deleitaram entre a languidez das vírgulas e a solicitação dos espaços. Senti-me uma verdadeira Deusa emergindo da alvura da espuma delicada do teu sentir, nesse que foi o mais belo dos sonhos, por ti, alguma vez imaginado.
Amanhã poderei ser outra coisa qualquer, desde que seja igualmente irresistível na meiguice com que, espero, me pinceles o corpo de palavras, descrevendo um mínimo instante que seja. Pode ser um afago, um sussurro, um beijo soprado da alma...
Esse será, por certo, mais um daqueles momentos a reclamarem a urgência de existirem.


Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=238693 © Luso-Poemas
Despertei-te no pensamento um mundo de possibilidades infinitas. Eu sei... e quero, desde já, que saibas também o quanto isso me agrada. Portanto, seremos, sim, aquilo que os outros não são! Havemos de criar um imaginário só nosso, onde todos os nossos momentos impossíveis, serão cuidadosamente recriados até se gastarem todas as palavras e quando já não houverem mais vocábulos, havemos de inventar uma nova língua que dê sentido ao desafio do impensável. Ousaremos entrar neste jogo de sedução que nos consome já todos os poros, arriscando até, queimar os dedos em prosas indizíveis.
Hoje fui a tua alvorada, qual moura encantada e reflectida num espelho de pungentes desejos, onde as tuas palavras, ávidas, se deleitaram entre a languidez das vírgulas e a solicitação dos espaços. Senti-me uma verdadeira Deusa emergindo da alvura da espuma delicada do teu sentir, nesse que foi o mais belo dos sonhos, por ti, alguma vez imaginado.
Amanhã poderei ser outra coisa qualquer, desde que seja igualmente irresistível na meiguice com que, espero, me pinceles o corpo de palavras, descrevendo um mínimo instante que seja. Pode ser um afago, um sussurro, um beijo soprado da alma...
Esse será, por certo, mais um daqueles momentos a reclamarem a urgência de existirem.
Despertei-te no pensamento um mundo de possibilidades infinitas. Eu sei... e quero, desde já, que saibas também o quanto isso me agrada. Portanto, seremos, sim, aquilo que os outros não são! Havemos de criar um imaginário só nosso, onde todos os nossos momentos impossíveis, serão cuidadosamente recriados até se gastarem todas as palavras e quando já não houverem mais vocábulos, havemos de inventar uma nova língua que dê sentido ao desafio do impensável. Ousaremos entrar neste jogo de sedução que nos consome já todos os poros, arriscando até, queimar os dedos em prosas indizíveis.
Hoje fui a tua alvorada, qual moura encantada e reflectida num espelho de pungentes desejos, onde as tuas palavras, ávidas, se deleitaram entre a languidez das vírgulas e a solicitação dos espaços. Senti-me uma verdadeira Deusa emergindo da alvura da espuma delicada do teu sentir, nesse que foi o mais belo dos sonhos, por ti, alguma vez imaginado.
Amanhã poderei ser outra coisa qualquer, desde que seja igualmente irresistível na meiguice com que, espero, me pinceles o corpo de palavras, descrevendo um mínimo instante que seja. Pode ser um afago, um sussurro, um beijo soprado da alma...
Esse será, por certo, mais um daqueles momentos a reclamarem a urgência de existirem.


Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=238693 © Luso-Poemas
Despertei-te no pensamento um mundo de possibilidades infinitas. Eu sei... e quero, desde já, que saibas também o quanto isso me agrada. Portanto, seremos, sim, aquilo que os outros não são! Havemos de criar um imaginário só nosso, onde todos os nossos momentos impossíveis, serão cuidadosamente recriados até se gastarem todas as palavras e quando já não houverem mais vocábulos, havemos de inventar uma nova língua que dê sentido ao desafio do impensável. Ousaremos entrar neste jogo de sedução que nos consome já todos os poros, arriscando até, queimar os dedos em prosas indizíveis.
Hoje fui a tua alvorada, qual moura encantada e reflectida num espelho de pungentes desejos, onde as tuas palavras, ávidas, se deleitaram entre a languidez das vírgulas e a solicitação dos espaços. Senti-me uma verdadeira Deusa emergindo da alvura da espuma delicada do teu sentir, nesse que foi o mais belo dos sonhos, por ti, alguma vez imaginado.
Amanhã poderei ser outra coisa qualquer, desde que seja igualmente irresistível na meiguice com que, espero, me pinceles o corpo de palavras, descrevendo um mínimo instante que seja. Pode ser um afago, um sussurro, um beijo soprado da alma...
Esse será, por certo, mais um daqueles momentos a reclamarem a urgência de existirem.


Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=238693 © Luso-Poemas



 Trazia uma vida inteira a pingar-lhe dos olhos. Na memória, agruras e pobrezas (tantas) que as pedras não dizem. Embrulhada na capucha negra, enxotava o frio que lhe abocanhava os ossos. Mirava ao longe a terra de onde nunca saiu, cheia de estórias de misérias de tempos idos que ninguém ouviu... Agora, que importância terá isso, se a beleza é tudo o que mais importa! Imagens a correr o mundo, a trazer autocarros cheios de gente com máquinas fotográficas e que se debulha em deslumbramentos, como se não houvesse existido passado algum e aquilo tudo já tivesse nascido assim.


E quando urge a vontade pela busca e esta se torna incessante, do que nem sabemos muito bem o quê, que nos leva a viajar para dentro de nós mesmos, procurando em cada rua, em cada esquina das memórias, nos resquícios da existência queimada pelo tempo, evocando lugares e pessoas que nos acordam sentimentos adormecidos e nos permitem reviver instantes impossíveis de descrever porque só nós os vemos como vemos e como os queremos ver(os outros não os enxergam e mesmo que enxergassem não quereriam saber), tornamo-nos felizes sem sabermos que era esse afinal, o grande motivo da nossa alienada busca.



Poesia
são pássaros poisados
em pautas suspensas
sob o entardecer
num chilreio de notas
uníssonas
enquanto contemplam
o horizonte
do lado contrário ao nosso ver...


Serena é a derrota dos ingénuos, ainda que largados ao abandono da sorte, sob o denso manto da noite. Uivos de lobos esfaimados ecoam do breu das montanhas anunciando o início do banquete. E as portas do céu que permanecem cerradas... Ninguém para os salvar!
Indiferentes aos gritos das almas inocentes, ferozes, impacientes, as bestas  avançam implacáveis a coberto da escuridão!
Existem tantos mistérios e terrores escondidos nas pregas dos nossos sonhos, capazes de nos sobressaltarem se nos apanham distraídos... na profundidade do sono.

E se calhar já nem sonho, nem sono, nem terrores ou mistérios. Se calhar já nem nós, a ocupar a cadeira que dormita, a encher o vazio das horas...





Algures, entre a alvorada e o ocaso de todas as vidas, existe um misterioso jardim abandonado cujo portão enferrujado não carece de chave, visto que se encontra meio aberto e meio fechado. Em todo o caso, a chave mesmo ao lado, pendurada no prego dobrado. Lá dentro, a teimosia das roseiras bravas a travar silenciosas batalhas com o desgrenhado das ervas para espanto dos picos das silvas esfomeadas a tomarem conta das lápides resignadas... E eu, do lado de fora espreito enquanto decido, se entro ou se fico.
Talvez mais tarde - por ora estou só de passagem - ainda é tempo de saborear a viagem nesta estranha carruagem de um louco e atormentado comboio sem destino.



Não existem mundos
Perfeitos
Nem sonhos
Impossíveis


O que existem
São escolhas
Que nos traçam
Caminhos
Por onde guiamos
A vida


Que
Inevitavelmente
Nos levará
Ao encontro
Do nosso destino...