Pressinto-te aí
Do outro lado
Atento
Ao vazio do que escrevo...
Não te vejo
Não te escuto
Pressinto-te apenas...

Ofereces-me respostas mudas
Às perguntas que não te faço
Mas que se lêem
Algures
Nas páginas em branco
De um livro já gasto
Acorrentado à ilusão
Neste universo de letras...

Sigo-te os passos
Cansados
No rasto que me deixas
Das palavras intemporais
Poderosas
Sou aprendiz de poeta
Sequiosa
Do teu sabor do saber...
Bebo pequenos goles
Que me chegam à boca
E me escorrem pelo sentir
Desse mesmo prazer
Enquanto sigo
A caminho de nenhures...

Pressinto-te
Em ecos surdos
Que me ensurdecem a mente
Espalharam-se e cravaram-se
Como pregos
Sem cabeça
Neste muro de silêncios
Que nos aproxima
E nos afasta...


É na escuridão da noite
À boleia do silêncio
Que me faço ao caminho...

Percorro os becos escuros
As vielas estreitas
Das minhas incertezas
Procuro-me...

Não anseio riquezas
Nem vaidades
Sou feliz
Com a minha simplicidade
Basta-me a paz e a serenidade...

Ouço passos
Escondo-me
Por detrás do meu próprio silêncio
Não me quero mostrar...
Cansam-me os ideais dos outros
As banalidades
As futilidades
Os sorrisos forçados
As grandezas encapotadas
De gente pedante e frustrada!

Permaneço calada
E assisto de longe
Ao decadente espectáculo
Das vidas engalanadas
Enganadas...
Basta apenas um só minuto
E tudo desaba!

De volta ao meu mundo
E à escuridão da minha noite
Silenciosamente
Avisto-me ao longe
Na esquina do futuro
Estou ali parada
Pareço indecisa
Balançando
Entre o ir
... e o ficar...

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No próximo dia 27 de Setembro, pelas 15 horas, no Auditório da Câmara Municipal da Amadora, Paulo Afonso Ramos vai lançar o seu livro "Mínimos Instantes", com belas prosas poéticas, que certamente a todos seduzirá.






De regresso ao presente
Trago comigo um saco
Cheio de velhas memórias
Que fui buscar ao passado

Coisas minhas
Que mais ninguém viu... só eu!

Sonhos de criança
Desejos de adolescente
Emoções antigas
Ilusões...

Pequenos retalhos
De outras vidas
Que ficaram suspensas no tempo...

Encontrei-as por acaso
Espalhadas pela velha casa
Na sala
Nos quartos
No vão da escada
Estavam em todo o lado...

Algumas estavam bem à vista
Bastou fechar os olhos
E toca-las
Com o sentimento da saudade...

Outras
Estavam escondidas
Num velho baú pintado de verde
Em cima do guarda-fatos
[Já não estava fechado à chave como antigamente...]
Abri-o e vasculhei-o!
Eram fotografias
Algumas já quase apagadas
Pela borracha implacável
Do tempo

Velhos retratos
De gente que me sorria
Mas que eu não reconheci
[Talvez tivessem ficado felizes por me verem ali]
Fantasmas imortalizados
De outras memórias
Que não lhes sobreviveram...

Perdi-me e encontrei-me
No meio de todas aquelas relíquias
Naquela viagem ao passado
Numa pequena foto a preto e branco
Uma menina de expressão meiga
Teria uns cinco anos
Nem me sabia ali...
Nunca ninguém me tinha dito

Fechei o baú
E arrumei-o no sítio onde estava
Mas antes esvaziei-o
Trouxe tudo comigo
Em pensamento...


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Obrigado Luso-Poemas!



A vida é feita de muitas coisas... Coisas simples e pequenas ou grandes e complicadas, com que nos vamos deparando ao longo dos caminhos que escolhemos e que vamos desbravando a cada novo dia que nasce. Umas vezes tropeçando e caindo, espalhando-nos ao comprido... outras, seguindo em frente, sem dar tréguas ao equilíbrio, aguentando até as maiores tempestades, usando uma força vinda das profundezas do nosso ser, até então desconhecida... avançamos então, mais confiantes e sem medo, descobrindo-nos a nós mesmos. E assim nos vamos passeando pela vida ao sabor do destino, enfrentando todos os obstáculos que nos vão aparecendo pelo caminho que escolhemos naquela encruzilhada sem placas... colhendo os frutos doces ou amargos, vivendo ou sobrevivendo, umas vezes sabendo o terreno que pisamos, outras vezes deixando-nos apanhar pelas areias movediças que se escondem por baixo da folhagem solta. O destino... somos nós que o fazemos em parte, muitas vezes, ousando até, desafiar os nossos limites! Ou então... deixando-nos desfalecer, sem mais forças que cheguem para vencer... rendidos ao cansaço. Está em cada um de nós, saber escolher os caminhos certos, que farão a diferença entre os vários destinos que nos espreitam e nos esperam nas encruzilhadas. Eu, tive a felicidade de ter encontrado o caminho certo, que espero, me leve sem mais sobressaltos, como aconteceu no passado. E porque me sinto tranquila e feliz, quero partilhar com todos vós, um pouquinho mais de mim. Porquê?



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Meus amigos, sei que estou em falta com a maioria de vós, mas de momento não me é possível retribuir todo o carinho que me têm demonstrado através das vossas mensagens na caixinha dos comentários. Assim que tiver um pouquinho mais de disponibilidade, visitar-vos-hei com muito prazer. Acho que vos devia esta atenção...