O relógio parou às dezanove horas e treze minutos de um dia aparentemente normal, igual a tantos outros. De repente uma estranha calma se abateu sobre a cidade e nem os animais tiveram tempo de pressentir o que se seguiu...
Após a morte da terra, dos homens e dos animais; os que sobreviveram, passaram a vaguear sem rumo, numa luta diária e constante pelas coisas mais simples que um ser humano nem se apercebe no seu dia a dia da importância que têm nem do quanto delas necessita para se manter vivo. A água ainda corria nos rios embora tivesse perdido a sua aparência cristalina e passasse a ser barrenta. Os mares também já não eram de tom azul, agora eram pardos, da cor das nuvens que os cobriam e que haviam tomado o lugar do céu outrora radiosamente azul. O sol não mais se viu...
A busca incessante pela comida não lhes dava descanso e parar onde quer que fosse, por mais tempo do que o necessário para revolver o interior das casas abandonadas em busca de algo que se pudesse trincar e enganar a fome, seria a morte certa! Havia grupos organizados de gente sem qualquer tipo de escrúpulos, que se dedicavam a caçar outros malogrados sobreviventes dos poucos que se tinham recusado a suicidar-se... e uma vez capturados, teriam como destino uma despensa de gente ainda viva para que se mantivesse a sua carne fresca durante mais tempo a fim de lhes saciar a fome.
As estradas desertas eram caminhos para nenhures.
A desolação era total e bem real. Porque não havia mais nada a não ser fome, frio, medo, cansaço, desesperança... morte.
Passou-se algures, num futuro cada vez mais próximo.