A dança da volta...


De tanta volta que dou
Volta não volta...
Volto atrás para apanhar a outra volta.
Vou juntando outra e mais outra
... esquecendo-me que depois de tanta volta...
Deixo uma volta perdida na volta que ficou atrás …
E dou meia volta...
Volto atrás...
E volto na volta... da volta que dei...
Com a volta
... que por lá encontrei!

Vermelho...


Não me olhes, fecha os olhos.
Não me toques, fecha as mãos.
Não me tentes...
Não vês que é a cor do pecado?!
Vermelho... cor de tudo e de nada...
Do batom dos meus lábios... que te mancham a pele
... que adivinho nos teus pensamentos luxuriosos...
Do calor das minhas mãos que te afagam o corpo...
Do meu verniz... de unhas que se cravam na tua carne fraca...
Na hora do amor que inventas num instante...
Vermelho de dor...
... da paixão e do sangue!

Amigo de verdade


Ainda nem meti a chave à porta, e já me estás a chamar!
Sentiste a minha falta?
Esses teus olhos enormes que me fitam
Que mais parecem esmeraldas... não mentem...
A tua altivez e beleza são apenas pormenores
Meu fiel companheiro de tantas horas boas e más...
Meu amigo de verdade!
O teu doce miar... como quem pergunta algo...
A tua alegria por me ver chegar...
Sim, perdoo-te o tapete que sujaste na noite passada!...

Invisívelmente à vista...


Olha... estou aqui!
Não me vês? Talvez não...
Sou apenas mais uma entre tantas outras por quem passas sem reparar...
Um vulto que se move no meio da multidão.
Uma alma errante que vagueia pelo espaço saturado...
Fazemos o mesmo trajecto de ida e volta, na mesma carruagem apinhada de gente.
Por vezes sentados lado a lado... ou frente a frente...
E nem sabes que existo... que te acompanho em mais uma viagem...
Mais logo, ou amanhã... daqui a uns dias... olho em redor e dou de caras contigo.
Olhas... mas não me vês...
Viras o rosto para a janela e perdes-te em pensamentos vagos...
E eu... sou só um vulto que se funde com as sombras da paisagem...

Tesoura afiada...


A tesoura que ali está
... tem poderes arrasadores!
As lâminas afiadas...
Que cortam impiedosamente a direito
As vidas que são dos outros...
... e só a eles dizem respeito!

Uma doce recordação...


Um ultimo olhar ditou o impulso que se seguiu
E os teus olhos não mentiram...
A tua boca desejava... o que as palavras não diziam...
O corpo tremia...
A vontade sofria...
Pelo toque urgente que os lábios pediam...
Nada mais importava
Apenas o instante...
Mesmo ali... naquele tapete rolante...
Deste cabo do que restava das minhas poucas desfesas
Uma explosão aconteceu... o meu corpo estremeceu...
Ninguém viu... ninguém ouviu...
Só tu... e eu!

Relógio avariado?... tempo enganado!




O meu relógio atrasou... sem que tivesse dado por isso...
Enganou-me nas horas que já não tenho... nos minutos que me roubou...
Acerto os ponteiros a cada manhã
E no tempo me escondo das horas que perdi... que não vivi...
E por um minuto que seja
Acerto a vida que ainda me resta... do muito que o tempo me deve!
O relógio finta-me... o tempo persegue-me...

... meio vazio de nada...


Deixaste que a fogueira da ira se apoderasse da tua alma
Da tua fraqueza...
E para que as labaredas te chamuscassem o cérebro
Derramaste-lhe o álcool que a tua inconsciência mandou
Um copo na mão... meio vazio...
Talvez o teu mais fiel companheiro de solidão...
Tolda-te os sentidos, enche-te de poder, de ilusão...
Da tua certeza...
Mas não te apaga a fogueira da ira que te cega!
Olha bem para o que tens nessa mão
Repara...
... é um copo meio vazio... meio cheio... de nada!

Alma acorrentada...

Sou vítima da tua insegurança
Que, em busca de um fantasma...
Usou e abusou da minha confiança
Traíste a tua própria dignidade
Mataste o que restava da minha esperança
Agora... apresentas-me os teus argumentos
Que pouco pesarão na tua sentença...
E a alma... continua acorrentada a um fantasma...
Aquele que tanto temes
E tremes
De cada vez que tentas arrancá-lo à força
A um passado sem retorno...


A vida é um jogo...


O dia a dia... é um jogo!
Por uma espera de um sonho que poderá ser doçura… e a realidade martírio…
No jogo da vida que brinca com a realidade… esquecendo-a de sentir…

A caminho...


O caminho é em frente...
Mesmo não sabendo a que destino me leva...
Mesmo não sabendo a que distancia fica...
Vivo na esperança de alcançar a felicidade!
Será este o caminho certo?
Não sei... vou em frente!