Teria pouco mais de vinte anos
quando a vi entrar por aquela porta, carregando todas as certezas que
conseguira extrair dos livros em que estudara. Vinha de mão dada com a
irreverência da sua juventude, mostrando-se airosa em cada passo seguro
que dava. No olhar, trazia ainda todos os sonhos do mundo, que fazia
questão de ordenar nas linhas daquele caderninho de capas rosa, que, de
quando em vez, sacava da sacola e os ia espreitar. Embevecida no seu
mundo, escrevia, riscava, voltava a escrever de novo. E entre toques de
telemóvel e outras tantas chamadas perdidas, lá ia compondo como quem
compunha poemas, aqueles que deveriam ser os seus projectos de vida de
então. Férias para aqui e para ali, viagens a perder de vista, não fosse
o mundo fugir com toda a sua fortuna!
"Ah! Então e o Tomé? Não esquecer de levar o Tomé!" --- Dizia para si mesma de cada vez que fazia a mala. O Tomé era um sortudo boneco de peluche, com honras de acompanhante privado, imprescindível e insubstituível companheiro de aventuras, com quem sempre viajava, mundo fora.
Namoros que não foram, desejos flamejantes no olhar lascivo dos homens que em seu redor saltitavam como gafanhotos, amores e desamores de uma noite apenas e outros desaires que se impunham pela urgência do momento. E desilusões, tantas... sempre as malvadas das desilusões que nos trespassam a alma, ao virar de qualquer esquina da vida!
Mas quê? Quase sem dar por isso, foi deixando que o manhoso do tempo lhe assaltasse e vandalizasse os projectos, entretida que andava com as promessas de uma felicidade, que, no fim de contas, não passava de um faz de conta.
Hoje, já não a vejo escrever no caderno de capas rosa, nem tampouco lhe encontro nos olhos os sonhos que antes lhe escorriam até ao sorriso.
Mas amanhã, é sempre um novo dia. A esperança renasce como fénix renasceu das cinzas!
"Ah! Então e o Tomé? Não esquecer de levar o Tomé!" --- Dizia para si mesma de cada vez que fazia a mala. O Tomé era um sortudo boneco de peluche, com honras de acompanhante privado, imprescindível e insubstituível companheiro de aventuras, com quem sempre viajava, mundo fora.
Namoros que não foram, desejos flamejantes no olhar lascivo dos homens que em seu redor saltitavam como gafanhotos, amores e desamores de uma noite apenas e outros desaires que se impunham pela urgência do momento. E desilusões, tantas... sempre as malvadas das desilusões que nos trespassam a alma, ao virar de qualquer esquina da vida!
Mas quê? Quase sem dar por isso, foi deixando que o manhoso do tempo lhe assaltasse e vandalizasse os projectos, entretida que andava com as promessas de uma felicidade, que, no fim de contas, não passava de um faz de conta.
Hoje, já não a vejo escrever no caderno de capas rosa, nem tampouco lhe encontro nos olhos os sonhos que antes lhe escorriam até ao sorriso.
Mas amanhã, é sempre um novo dia. A esperança renasce como fénix renasceu das cinzas!