Já distante
E um amanhã
Ainda longínquo
Há um tempo indefinido
Que o relógio vai marcando
No compasso vazio
Meio cheio de esperança
Por onde vai caminhando
A vida
Entre as memórias
Da lembrança
Que o vento não levou
E o que ainda falta
Do caminho
Lá vai o pobre do engano
Entretido com o sonho
Que toda a vida
Consigo guardou
A passos firmes!
Seguindo as coordenadas do deserto
Que até daqui se avista
No horizonte
Do desconhecido...
Soubera eu o quanto
Do pouco
Que ainda me resta
E não desperdiçaria tanto
Com a ilusão
De que tudo isto
É o que me completa...
Mas que mais poderei eu fazer?
Se do tanto
Que poderia ser
E não fui
Nada guardei
A não ser as penas...
Iludo-me!
Bem sei
Mas mil vezes esta insana
Àquela outra que desiste
E se entrega ébria
Ao malogrado desespero
Do desmazelo da inércia
E se deita
Com ele na cama
Da infinita espera
Sem chegar a conhecer
O fim do caminho!