Quero escrever
Mas não consigo...
Tenho a alma cheia até à boca
Extravasante de coisas tão simples
Daquelas que as palavras não dizem...

Mesmo assim
Procuro em cada pedacinho
Dos momentos que partilhei
Dos olhares cúmplices
Dos sorrisos sinceros
E das saudáveis brincadeiras
Que no pensamento guardei
E comigo levei no regresso
Mas entorpeço no vazio
Das palavras que não encontro
Para dizerem o que sinto...

E sei bem o que sinto
Se sinto... não minto!

Só não sei como o dizer...

Nos momentos vazios que me assaltam e me perturbam a quietude dos sentidos, escuto vozes estranhas dentro da minha mente, que me falam de um outro tempo, de uma outra vida, onde talvez já tenha estado...

Estranhamente, deixo-me levar sem resistir e viajo à velocidade da luz, entrando num buraco que se move em espiral, num remoinho que me suga e me transporta para lá do real, entrando assim num outro mundo, onde o tempo não conta, pois não existe relógio nem bússola, que o marque no mapa do explicável...

Estou a dois passos da porta de uma casa que reconheço, embora me pareça diferente vista deste lado. Entro sem vacilar, movida por uma força invisível que me atrai , tolhendo-me os reflexos contrários que me impedissem de o fazer. Os meus olhos procuram por algo que me seja familiar...

Subitamente, quedam-se num pequeno objecto pousado numa velha cómoda, encostada a uma das paredes da sala, que, agora tenho a certeza, já lá ter estado!

É uma moldura antiga, que guarda uma fotografia esbatida e quase apagada, mas onde ainda se percebem as feições do rosto sorridente, que me causa um arrepio inesperado. Aquele olhar penetrante, que me rasga a carne e me penetra até à alma, jamais o esquecerei... reconheci-te de imediato!

Eras tu, ali preso há séculos, segurando um instante com um sorriso, de um tempo passado... num tempo em que não te conheci...





O caminho é em frente...
Mesmo não sabendo a que destino me leva...
Mesmo não sabendo a que distancia fica...
Vivo na esperança de alcançar a felicidade!
Será este o caminho certo?
Não sei... vou em frente!


(15 - 04 - 2007)

Foi este o meu primeiro escrito neste cantinho, que criei após o abandono deste outro, que já não me satisfazia como queria.

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Escuta o coração e segue-lhe o ritmo.
A felicidade nunca se alcança... é um instante de muitos instantes que a escreve na nossa alma...!
Na existência de um só caminho, só há uma coisa a fazer… seguir em frente. Se é o caminho certo, nunca sabemos... mas há que ser perseverante e avançar sempre, porque a felicidade não se alcança de imediato, mas sim, aos poucos, quando menos se espera, e há que saboreá-la, usufruir do momento, mesmo que seja breve, e não esquecer, que há sempre mais para alcançar...
E espero que só exista, um só caminho para este blog.

Recordo assim, os cinco primeiros que estiveram presentes no início desta minha caminhada. Faz hoje precisamente… um ano!

Magia

Kianda

Dias


rosa maria

Sony


A todos os outros que entretanto se lhes juntaram , aos que se perderam e aos que continuam a vir aqui regularmente, o meu sincero obrigado!

O vídeo é o mesmo que tocou naquele dia…


Nas águas paradas
De um rio morto
Sem nascente
Nem afluente
Lancei o meu velho barco
Sem remos
Nem velas
Suspenso nas brumas
Indiferente ao vento
Imóvel...
Rumei à fronteira da minha mente
Nos limites do entendimento
Prisão obscura
Demente...
Onde não existe o ontem

Nem o amanhã
No campo largo do esquecimento...

Estiquei o meu braço inerte
E toquei o sino da morte
Chamando os corvos da noite
Desligando assim o tempo...



Calo as vozes que percorrem o meu corpo com o ruído do exterior. E nesse silêncio total de mim e de todos aqueles que me habitam, que de mim se alimentam, passo apenas a escutar o que o lá fora me diz, me mostra, me impõe ou permite. E dou comigo a contemplar estranhamente os seres que passam por mim, este mundo efémero e diabólico que me enche os sentidos - não enchendo, porém, a minha alma...

Olho-os de uma forma anormal, defeituosa, com um farto pesar. E ouvi-los, os de lá fora, provoca-me um doer imenso nos sentidos e na razão, um enlouquecer da já louca loucura em mim, um destruir da unidade social que me vive.

Assim, desligo-me do exterior, à pressa, e impludo-me na descoberta daqueles que me compõem verdadeiramente, desta multidão interior em constante alvoroço, que grita e esperneia a todo o momento.

Prefiro putrificar à custa destes do que à custa daqueles que me rodeiam. É-me mais digno e menos penoso assim...

(Opinante)

Porque neste imenso oceano de palavras, por vezes somos surpreendidos por alguém especial que nos cativa a atenção logo desde o início. Foi num desses passeios, em busca de coisas novas, sensações diferentes, outros sóis, sei lá... que me deparei com este inquietante lugar onde as palavras ganham um brilho diferente e nos viciam os sentidos, entranhando-se bem fundo como se de um vírus se tratasse... é um vírus sim, o vírus da escrita!

Não sei de que tempo sou

Quando do tempo me escondo

Levitando no vazio oco

Sob o peso do meu corpo

Metade jovem

Metade velho

Oxidado pelo tempo

No reflexo de um espelho

Onde não me reconheço

Fujo de um tempo

Onde não pertenço

E na contra luz me exponho...