Assomou-se-me ao vidro da janela, madrugada adentro. Trazia no rosto o pavor de uma criança assustada e nas mãos o sangue ainda quente a escorrer-lhe em bica da ponta dos dedos. No chão, um carreiro vermelho de pequenas pingas anunciava em silêncio o rasto de um insólito crime que acabara de acontecer, ali mesmo, no outro lado da esquina dobrada. Um crime, cuja lucidez do autor o obrigara antes a se implorar aos pés de si mesmo! E em cada palavra que escrevia, era como se uma espada o trespassasse até ao fundo de si, definhando no verbo, morrendo-se...



É preciso escutar
O silêncio
Saber ouvir
O que ele
Nos diz
No sussurro
De um leve
Sopro
D'alma...

Antes que o eco
Ensurdecedor
Do seu grito
Nos acabe
Por emudecer...