Um dia, ainda hei-de escrever
Um poema
Perfeito

Nem que para isso
Me dispa
De mim mesma
E me entregue nua
Sem preconceito
Ao ríspido aparo da pena...

Bem sei, que
Serão de sangue as letras
Dolorosas feridas
Que me rasgarão

Penosas cicatrizes
Feitas
Do imperfeito poema...

Marcas inequívocas
Que invocarão
A busca miserável
Pela perfeição!

Contudo
Será sempre medíocre
O que se pensa, perfeito
Por defeito...

2 impulsos:

Druida da Noite disse...

A eterna demanda pela suprema chama que há-de forjar o metal perfeito, o espírito intocável, ou o tão desejável paradigma da sabedoria. Mas que seria da perfeição se tudo em seu redor fosse tal e qual ela própria? Não haveria forma de saber como distingui-la entre iguais. Talvez por isso, a imperfeição é tão fundamental como a nudez da própria e perfeita alma, para que existam diferenças que nos permitam saber qual desejamos, qual ambicionamos, qual procuramos. Eu por mim, atrever-me-ia a dizer que procuro o mesmo que tu, a perfeita poesia.

Daniel Aladiah disse...

Querida Cleo
Tantas vezes o pensei... e sei, como tu, que não há sangue ou aparo que o possa escrever...
Mas este poema é muito bom!
Beijo
Daniel