A casa de pedra, miserável, com telhado de lajes. Na escada, uma rapariguinha triste, de corpo miúdo e esguio, vai folheando um livro de banda desenhada cuja história se perdeu no tempo, confundindo-se com a dos próprios protagonistas, Mónica e João Cebolinha…
Corria nas bocas do povo que a mãe se tinha enforcado com uma corda que prendeu a uma trave do curral das ovelhas. Havia também quem dissesse que não tinha sido bem assim. Desconfiavam até, de algo bem mais escabroso. Talvez um homicídio levado a cabo por uma cegueira de ciúmes… Nunca se soube ao certo. Certo foi, que por causa disso, foi separada do irmão que ficara com o pai e levada para o pé da sua avó, que raramente visitava. Que quase nem conhecia.
Tinha as unhas roídas até ao sabugo, e mesmo assim, continuava a roê-las pelo meio escavando buracos no lombo das cabeças dos dedos de modo que, parecia que os ratos a iam devorando de noite enquanto dormia.
Costumava ir para o pé dela. Ela deixava-me folhear os seus livros de bonecos que eu não tinha. Por vezes, sentia o aroma das maçãs de bravo mofo que se esgueirava pela frincha da porta encostada. Aquele aroma… ainda hoje o sei de cor.
Um belo dia, em que voltei a procurar pela sua companhia, disseram-me que o pai a tinha vindo buscar… nunca mais a vi.
Muitos anos depois, soube que tinha casado com um homem rico, que vivia no Porto e que já tinha pago duas ou três desintoxicações ao irmão, que, ao que parece, deixou de ter aquele ar inibido que mostrava (quando moço já mais crescido e até muito bem parecido) sempre que por ali aparecia com o seu pai, geralmente por altura das festas, e se tinha metido por caminhos espinhosos de vícios destruidores de corpos e de almas.
No ano passado encontrei-o por acaso. Parecia um pedinte, bêbedo de miséria…
Corria nas bocas do povo que a mãe se tinha enforcado com uma corda que prendeu a uma trave do curral das ovelhas. Havia também quem dissesse que não tinha sido bem assim. Desconfiavam até, de algo bem mais escabroso. Talvez um homicídio levado a cabo por uma cegueira de ciúmes… Nunca se soube ao certo. Certo foi, que por causa disso, foi separada do irmão que ficara com o pai e levada para o pé da sua avó, que raramente visitava. Que quase nem conhecia.
Tinha as unhas roídas até ao sabugo, e mesmo assim, continuava a roê-las pelo meio escavando buracos no lombo das cabeças dos dedos de modo que, parecia que os ratos a iam devorando de noite enquanto dormia.
Costumava ir para o pé dela. Ela deixava-me folhear os seus livros de bonecos que eu não tinha. Por vezes, sentia o aroma das maçãs de bravo mofo que se esgueirava pela frincha da porta encostada. Aquele aroma… ainda hoje o sei de cor.
Um belo dia, em que voltei a procurar pela sua companhia, disseram-me que o pai a tinha vindo buscar… nunca mais a vi.
Muitos anos depois, soube que tinha casado com um homem rico, que vivia no Porto e que já tinha pago duas ou três desintoxicações ao irmão, que, ao que parece, deixou de ter aquele ar inibido que mostrava (quando moço já mais crescido e até muito bem parecido) sempre que por ali aparecia com o seu pai, geralmente por altura das festas, e se tinha metido por caminhos espinhosos de vícios destruidores de corpos e de almas.
No ano passado encontrei-o por acaso. Parecia um pedinte, bêbedo de miséria…
4 impulsos:
A vida de tanta gente da nossa sociededae...
Beijinho de lua*.*
...é uma luta terrível... perdi alguém, alguém que era metade da minha infância...
bj
Wonderful
Work
good
sources
of
Inspiration
Triste história que pode ser a real de muita gente
Enviar um comentário