Tal como disse, fui de férias e voltei aos mesmos sítios de sempre, com a mesma alegria com que tantas vezes me revisito em pensamentos, através dos passeios que faço pelas memórias que tenho guardadas como tesouros de valor incalculável, de um tempo que me marcou profundamente...
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Ontem voei no tempo com as asas emprestadas da emoção, quando me abeirei daquele cofre antigo e o abri com a mesma sensação indescritível de uma criança a quem se dá um brinquedo pela primeira vez...
Uma relíquia do passado que mais parecia um filme mudo onde os personagens se movimentavam com naturalidade, representando o seu próprio papel, sem qualquer encenação ou pose.
Cenas imortalizadas pelo olho mágico de uma câmara, objecto caro a que só alguns podiam chegar. E o meu padrinho podia! Por isso andava sempre de câmara em punho, filmando tudo o que lhe parecia digno de registo. Os filhos e os amigos, os passeios em família, a faina da aldeia em dias de acontecimentos importantes, como a malha do milho ou a matança do porco ou até o dia da festa anual em honra da santa padroeira da terra. A alegria das pessoas... os sorrisos... as gargalhadas... as traquinices dos miúdos... coisas tão simples mas que nem ele sabia o quanto um dia lhe haveriam de ser tão queridas, pelo seu valor de estima incalculável.
Embora tivesse consciência de que também eu era sugada para dentro dela junto com os outros miúdos com quem brincava naquela eira, onde a debulhadeira ruidosa não parava de cuspir, ora centeio, ora trigo de um dos lados e palha do outro. A minha mãe e todas as outras mães e avós não tinham descanso correndo de um lado para o outro, acudindo aqui e ali como podiam, que a máquina infernal assim o exigia, numa azáfama sem igual. Foi assim mesmo, que entraram pelo tal olho mágico daquela câmara de filmar adentro, sem se aperceberem. Na altura, nem sequer imaginava que algum dia viesse a ver o que ela guardava naquele momento...
Reconheci-os a todos de imediato, até aqueles que já morreram entretanto... e voltei a ser aquela pequena irrequieta, de vestido aos quadrados e chapéu de pano branco na cabeça, que brincava com os rapazes e gostava de fazer tudo o que eles também faziam. Saltava do muro e corria de novo em direcção ao mesmo pronta a repetir a proeza, sempre um nadinha mais alto.
Era um pedacinho pequenino de uma partícula do passado, suspensa por um fio a uma memória quase apagada, onde só uma leve lembrança ainda permanecia, por ser tão frágil quanto a tenra idade daquele fragmento de vida, que o tempo distanciou de mim.
E do nada, quatro décadas depois e sem o esperar, é-me oferecido este tesouro onde me revisitei à distancia de um simples clic...
Um tesouro que vale uma fortuna na escala do sentimento e que irei guardar com ternura para todo o sempre!
Uma relíquia do passado que mais parecia um filme mudo onde os personagens se movimentavam com naturalidade, representando o seu próprio papel, sem qualquer encenação ou pose.
Cenas imortalizadas pelo olho mágico de uma câmara, objecto caro a que só alguns podiam chegar. E o meu padrinho podia! Por isso andava sempre de câmara em punho, filmando tudo o que lhe parecia digno de registo. Os filhos e os amigos, os passeios em família, a faina da aldeia em dias de acontecimentos importantes, como a malha do milho ou a matança do porco ou até o dia da festa anual em honra da santa padroeira da terra. A alegria das pessoas... os sorrisos... as gargalhadas... as traquinices dos miúdos... coisas tão simples mas que nem ele sabia o quanto um dia lhe haveriam de ser tão queridas, pelo seu valor de estima incalculável.
Embora tivesse consciência de que também eu era sugada para dentro dela junto com os outros miúdos com quem brincava naquela eira, onde a debulhadeira ruidosa não parava de cuspir, ora centeio, ora trigo de um dos lados e palha do outro. A minha mãe e todas as outras mães e avós não tinham descanso correndo de um lado para o outro, acudindo aqui e ali como podiam, que a máquina infernal assim o exigia, numa azáfama sem igual. Foi assim mesmo, que entraram pelo tal olho mágico daquela câmara de filmar adentro, sem se aperceberem. Na altura, nem sequer imaginava que algum dia viesse a ver o que ela guardava naquele momento...
Reconheci-os a todos de imediato, até aqueles que já morreram entretanto... e voltei a ser aquela pequena irrequieta, de vestido aos quadrados e chapéu de pano branco na cabeça, que brincava com os rapazes e gostava de fazer tudo o que eles também faziam. Saltava do muro e corria de novo em direcção ao mesmo pronta a repetir a proeza, sempre um nadinha mais alto.
Era um pedacinho pequenino de uma partícula do passado, suspensa por um fio a uma memória quase apagada, onde só uma leve lembrança ainda permanecia, por ser tão frágil quanto a tenra idade daquele fragmento de vida, que o tempo distanciou de mim.
E do nada, quatro décadas depois e sem o esperar, é-me oferecido este tesouro onde me revisitei à distancia de um simples clic...
Um tesouro que vale uma fortuna na escala do sentimento e que irei guardar com ternura para todo o sempre!
5 impulsos:
Que bom revisitar!! Muitos beijos.
A tua carinha feliz diz tudo!!
;)
beijocas
memórias... :) são preciosas...
e eu que não me importava nadinha de andar por aí :)
beijo
...e lá vai a gaiata correndo na luz de ouro para mais tarde adormecer na luz de prata...
Tão bom ter memórias assim, tão bom, Cleo... Meus parabéns sinceros!
Beijokas*
E é tão bom recordar esses momentos da nossa infância, que de algum modo saltam da nossa memória, como se tivessem adormecidos lá num recanto escondido...
Beijocas e bom regresso a casa, ao trabalho e às lides blogosféricas!
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